Drogas BE-A-BÁ: Lança Perfume

Ana Cristhina Maluf
Luiza Pires
Sabrina Legaspe
Thales Oliva
Kauê Chinaglia
Yasmin Fleming

*Esse artigo foi produzido com base em uma série de discussões, estudos, aulas, ações de campo e conteúdos produzidos no âmbito do projeto “Que Lança é Esse?” (@quelanca.rd no Instagram), um projeto de extensão da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) criado para promover o debate sobre o uso dessa substância sob a perspectiva da Redução de Danos.

Introdução

O lança-perfume é uma substância da classe dos solventes ou inalantes. Solventes são substâncias capazes de dissolver outras e inalantes são substâncias que podem ser introduzidas no organismo através da inalação pelo nariz ou pela boca. Portanto, inalante se refere a forma de consumo e não a um tipo específico de substância. Ocorre que, em geral, os solventes são substâncias altamente voláteis (que evaporam facilmente) e, por isso, podem ser inaladas. Além disso, os solventes são as substâncias inalantes mais conhecidas e, muitas vezes, o termo inalante é utilizado para se referir aos solventes. Os solventes, no entanto, não são as únicas substâncias que podem ser utilizadas de forma inalada. Existem outras substâncias que também são voláteis e utilizadas de forma inalada, mas que não são solventes, como é o caso dos nitritos de alquila, também conhecido como poppers, e dos gases anestésicos, como o óxido nitroso.

Histórico

O lança-perfume foi criado pela empresa francesa Rhodia no final do século XIX. Começou a ser importado para o Brasil ainda no início do século XX. O sucesso de vendas do produto nos carnavais brasileiros foi tão grande que estimulou a vinda da empresa francesa para o Brasil, tendo instalado sua primeira fábrica no distrito de Santo André, então pertencente ao município de São Bernardo (Rhodia Solvay Group).

Retirado de: Rhodia Solvay Group

O produto continha substâncias armazenadas sob pressão em frascos para uso em forma de spray. Ao ser borrifado, ou lançado, exalava um cheiro perfumado característico, daí então o nome lança-perfume. Espirrar lança-perfume era uma brincadeira comum nos bailes de carnaval e alguns foliões passaram a utilizar como bebida ou inalando diretamente os vapores. Após algum tempo, alguns casos de mortes devido ao consumo foram relatados. Assim, em 1961, foi sancionada uma lei que proibia a fabricação, comércio ou uso do lança-perfume em todo o território nacional. No entanto, a implementação desta lei não reduziu o consumo.

Com o passar do tempo, muitas variações tanto na composição quanto nos nomes utilizados foram surgindo. Como “cheirinho da loló” ou apenas “loló”. Na prática, hoje em dia esses nomes são usados quase como sinônimos. No entanto, o nome “lança”, ou “lança-perfume”, ainda está mais associado a essa apresentação na forma de spray e o loló geralmente se refere a produtos de fabricação caseira, que podem ser comercializados em diferentes embalagens, como pequenos frascos de vidro ou de plástico.

Usos e contextos

Embora ainda esteja muito associado ao carnaval, o lança hoje está presente em diversos outros contextos como festas universitárias e de música eletrônica. O lança também tem sido muito vinculado à cultura do funk, havendo várias letras que fazem referência à substância.

Seus modos de uso mais comuns são: inalando pela boca e/ou nariz vapores da substância colocada em latas, garrafas ou em pano/tecido; colocando o pano embebido dentro da boca; ou espirrando direto na boca. Esses últimos são formas mais perigosas de uso devido ao contato direto da substância com a mucosa da boca e o risco de ingestão.

Os inalantes são substâncias que têm uma alta prevalência de uso. De acordo com o Relatório Sobre o Uso de Drogas nas Américas, a prevalência de uso na população geral, nos últimos 12 meses, variou entre 0,03% na República Dominicana (dado de 2010) a 1% em Belize (dado de 2005) (CICAD, 2019). No Brasil, segundo o III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, a prevalência na população geral foi de 0,2% nos últimos 12 meses e de 2,8% de uso na vida (FIOCRUZ, 2017).

“Sabe-se que uso de substâncias, em especial os inalantes, costuma ser mais prevalente entre as faixas etárias mais jovens. Um estudo feito com estudantes do ensino fundamental e médio das capitais brasileiras mostrou que os inalantes foram as substâncias mais utilizadas (8,7% de uso na vida e 5,2% de uso no ano) atrás apenas do álcool e do tabaco.

Sabe-se que uso de substâncias, em especial os inalantes, costuma ser mais prevalente entre as faixas etárias mais jovens. Um estudo feito com estudantes do ensino fundamental e médio das capitais brasileiras mostrou que os inalantes foram as substâncias mais utilizadas (8,7% de uso na vida e 5,2% de uso no ano) atrás apenas do álcool e do tabaco (Carlini et al., 2010). Já entre estudantes de medicina, estima-se um uso de lança-perfume de 22.6% (Carvalho et al., 2008).

Apesar do uso do lança-perfume ser bastante difundido, o acesso à serviços de saúde no caso de complicações é bastante desigual. A falta de estrutura para atendimentos de emergência em festas de rua como bailes funk está associada com os inúmeros relatos de morte decorrente do uso de lança nesses espaços. 

Estimativas não oficiais indicam que, em 2015, 111 jovens morreram em decorrência do uso de lança-perfume somente na cidade de São Paulo, sendo a maioria menores de 18 anos. Estimativas da sociedade civil, como a Associação Rolezinho – A Voz do Brasil, apontam que de cada 100 casos de intoxicação por uso de lança-perfume, 4 acabam em morte. São inúmeros os relatos e depoimentos de pessoas que perderam parentes e amigos pelo uso do lança-perfume que reforçam esses indícios. Há ainda o fato do lança-perfume geralmente ser utilizado em conjunto com outras substâncias, o que aumenta o risco de intoxicação.

Em face a esse grave cenário, surgiram algumas iniciativas da sociedade civil para dar visibilidade ao tema, que pouco tem sido contemplado nas políticas públicas. Uma delas é o documentário LANÇA, dirigido por Aline Fátima, que é um registro audiovisual da performance Lança-Poesia do poeta e cabeleireiro Antônio Carlos Guerra, realizada em saraus no bairro de Cidade Tiradentes (extremo Leste de São Paulo)¹.

Composição

A princípio a composição do lança-perfume continha substâncias como cloreto de etila, éter e clorofórmio. Após a proibição, outras substâncias solventes foram sendo utilizadas na fabricação desses produtos, que hoje possuem uma enorme variabilidade em sua composição. Por ser comumente produzido de forma artesanal, sua composição química pode variar de acordo com a região estudada e conter substâncias como clorofórmio, éter, diclorometano, etanol até gases de refrigeração (Cunha & Oliveira, 2016). Também é frequente a mistura com essência ou bala para aromatizar a substância (Zumiani, Santos & Pereira, 2019). Existem inúmeras substâncias químicas diferentes utilizadas como solventes para os mais diversos fins. Por isso, estão presentes em muitos produtos como diluentes de tinta, removedores de esmalte, solventes de cola, antirrespingo de solda, entre outros, sendo, portanto, produtos de fácil acesso.

“A fabricação clandestina do lança-perfume no Brasil tem trazido efeitos mais intensos e fatais pois, com a restrição do comércio das principais substâncias utilizadas na mistura, não é possível saber ao certo a composição da droga”

A fabricação clandestina do lança-perfume no Brasil tem trazido efeitos mais intensos e fatais pois, com a restrição do comércio das principais substâncias utilizadas na mistura, não é possível saber ao certo a composição da droga (Zumiani, Santos & Pereira, 2019). Com isso, substâncias de alta toxicidade acabam sendo adicionadas, aumentando os riscos de intoxicação ao usuário.

Um estudo realizado com amostras de lança-perfume apreendidas no estado de Pernambuco entre 2007 e 2011 encontrou diferentes misturas contendo clorofórmio, éter, diclorometano, além do etanol, que é de fácil aquisição e pode potencializar os efeitos das demais substâncias (Tabela 1) (Neto & Santos, 2015).

Tabela 1: Composição química do Lança-Perfume apreendido entre os anos de 2007 a 2011 no estado de Pernambuco.

Composição químicaPrevalência
Etanol + Clorofórmio74,4%
Etanol + Clorofórmio + Éter14,7%
Etanol + Clorofórmio + Diclorometano4,2%
Etanol + Clorofórmio + Éter + Diclorometano2,9%
Etanol + Diclorometano1,7%
Clorofórmio + Diclorometano0,6%
Etanol + Éter0,4%
Clorofórmio + Éter0,3%
Éter + Diclorometano0,3%
Éter + Clorofórmio + Diclorometano0,1%
Etanol + Éter + Diclorometano0,1%
Etanol + Éter + Clorofórmio + Acetona0,1%
Fonte: Neto & Santos, 2015.

Outro estudo que analisou a composição de ampolas de vidro apreendidas no carnaval da Bahia em 2015 identificou diversos compostos, e misturas entre eles, sendo alguns dos mais frequentes o diclorometano, etanol, diclorofluorometano, clorofórmio, éter e o cloreto de etila que foi encontrado em apenas 3% das amostras (Figura 1) (Cunha & Oliveira, 2016).

Figura 1: Frequência dos compostos orgânicos voláteis (COV) identificados nas amostras apreendidas.

Retirado de: Cunha & Oliveira, 2016.

Dentre as substâncias identificadas nas amostras, as que possuem controle pelo ministério da justiça através da Lista  D2  (Lista  de  insumos  químicos  utilizados  para  fabricação  e  síntese  de entorpecentes e/ou psicotrópicos) da Portaria SVS/MS nº 344 de 12 de maio de 1998, são o cloreto de etila, clorofórmio e éter etílico. O etanol, por ser de fácil acesso, é encontrado com grande frequência nas amostras (Cunha & Oliveira, 2016).

Outra substância cada vez mais presente na composição de produtos vendidos como lança-perfume é o tricloroetileno. Na região da grande São Paulo, durante o primeiro trimestre de 2015, houve um aumento de quase 100% de tricloroetileno como o principal solvente encontrado nas misturas de inalantes, provavelmente motivado pelo seu baixo custo e por ter comercialização livre. Pode ser encontrado em removedores, tintas, colas, adesivos e combustíveis (Zumiani, Santos & Pereira, 2019). 

Efeitos 

Os solventes são considerados depressores do Sistema Nervoso Central (SNC). No entanto, também podem produzir alucinações visuais e auditivas via ativação de receptores 5-HT2A, como é o caso do tolueno (Rivera-Garcia et al., 2015). Por serem compostos lipofílicos, são rapidamente absorvidos pelos pulmões e transferidos para as partes altamente vascularizadas e ricas em lipídios do cérebro. 

Os efeitos agudos variam de acordo com a substância inalada, duração, número de repetições (ou sessões), bem como experiência de uso prévio. Podem incluir incoordenação muscular, visão dupla (diplopia), movimentos descoordenados e involuntários dos olhos (nistagmo), tosse, rouquidão, diminuição da quantidade de oxigênio no sangue e extremidades arroxeadas (cianose). No SNC os efeitos agudos são bifásicos, começando com desinibição e progredindo para euforia, excitação, alterações sensoriais, tontura, fala arrastada e ataxia (Cruz & Bowen, 2021). 

Também pode ocorrer a “Morte Súbita por Inalantes”, que é uma condição rara atribuída a efeitos cardiovasculares adversos que podem acontecer mesmo após um único episódio de inalação. Nessa situação, há uma sensibilização do miocárdio às catecolaminas circulantes e, então, situações que promovam uma descarga de adrenalina (esforço físico intenso, susto ou brigas) podem ser fatais (Zumiani, Santos & Pereira, 2019).

“Outro fator relevante é a mistura com outras substâncias. Por exemplo, o uso concomitante com álcool, além de potencializar o efeito depressor, aumenta os riscos pois eleva os níveis de solvente no sangue e o nível aumentado inibe a própria biotransformação da substância, diminuindo sua eliminação e aumentando sua toxicidade.”

Outro fator relevante é a mistura com outras substâncias. Por exemplo, o uso concomitante com álcool, além de potencializar o efeito depressor, aumenta os riscos pois eleva os níveis de solvente no sangue e o nível aumentado inibe a própria biotransformação da substância, diminuindo sua eliminação e aumentando sua toxicidade (Zumiani, Santos & Pereira, 2019). A mistura com substâncias estimulantes, como a cocaína, pode aumentar os efeitos cardiovasculares adversos.

Os efeitos de longo prazo podem abranger danos hepáticos, renais, cardiovasculares, dermatológicos e respiratórios, dependendo da substância inalada específica e do tempo de uso. Como a inalação é o principal método de administração para os solventes, o trato respiratório (ou seja, boca, nariz, pulmões) configura o alvo primário para lesão, podendo levar ao desenvolvimento de pneumonite e enfisema pulmonar. O uso crônico também pode ter repercussões na estrutura e função do SNC, com a gravidade dos sintomas positivamente correlacionada com maior magnitude e duração de uso. Os indivíduos podem apresentar problemas de concentração, impulsividade aumentada, psicose paranoide, distúrbios psiquiátricos, déficits de memória e processamento de informações, anormalidades da fala e da marcha (Cruz & Bowen, 2021).

Intoxicação

A intoxicação aguda por inalantes pode ser conceituada como a exposição recente a altas doses com o desenvolvimento de alterações comportamentais, psicológicas ou fisiológicas durante ou logo após o uso abusivo. Os sinais e sintomas apresentam semelhanças com a intoxicação por álcool e outros depressivos e se manifestam em 4 fases sequenciais, iniciando-se com um momento de excitação e evoluindo para quadros de depressão SNC, com predominância de confusão mental, desorientação, redução do estado de alerta e, por fim, a inconsciência (RAPS, 2015;  Heise & LoVecchio, 2020).

Os sinais mais comuns de serem encontrados nos casos de intoxicação por inalantes são tontura, nistagmo, fraca coordenação, fala arrastada, marcha instável, letargia, reflexos deprimidos, retardo psicomotor, tremor, fraqueza muscular generalizada, visão turva ou diplopia, estupor ou coma, euforia, ansiedade, delírios, alucinações visuais, auditivas e táteis.

Alguns achados no exame físico podem dar pistas que a intoxicação seja por inalantes, como odor de tinta nas roupas ou no hálito, presença de frascos vazios, sacos ou tecidos próximos ao indivíduo, erupções em torno do nariz ou da boca, sinais de trauma ou queimaduras e achados respiratórios como tosse, dispneia, estertores ou roncos (CIATOX, 2022).

Manejo 

Alguns sinais clínicos merecem especial atenção pois indicam que o indivíduo intoxicado deve ter seu atendimento direcionado ao Pronto Socorro de Hospitais Gerais. Sinais como: vômito, dispneia, sibilos, desconforto e dificuldade respiratória com presença de retrações intercostais durante a respiração e batimento das asas do nariz, além de letargia, agitação psicomotora e rebaixamento da consciência.

Não há antídoto para a intoxicação aguda por inalantes. O tratamento é sintomático e de suporte. O sistema pulmonar e, principalmente, as vias aéreas baixas são os pontos que mais merecem atenção em casos de intoxicação aguda por inalantes, podendo ocorrer o desenvolvimento de um dano pulmonar agudo acompanhado por mecanismos inflamatórios (pneumonite). Além disso, deve-se atentar para o desenvolvimento de infecções secundárias por bactérias.

Quadros de intoxicação também levam a distúrbios cardíacos de condução, como arritmias de alto ou baixo débito. Pode ainda ocorrer morte súbita em casos de arritmias graves mesmo em episódio de uso único da substância.

A hipóxia também é um ponto de atenção nesses quadros, uma vez que, apesar do efeito eufórico no início, os inalantes fazem parte da classe de depressores do SNC e podem induzir a perda do reflexo de respiração no indivíduo intoxicado. Alterações comportamentais e convulsões também podem significar hipóxia.

Por serem voláteis, até mesmo em casos de ingestão, os inalantes entram em contato com as vias aéreas baixas e pulmão, sendo que nesses casos também deve-se investigar a presença de lesão hepática.

No caso de contato com a pele, deve-se lavar com água e sabão para retirada dos hidrocarbonetos presentes nos inalantes. Além disso, o paciente precisa ser despido para evitar a contaminação contínua por roupas encharcadas com hidrocarbonetos. Pode-se também realizar a irrigação dos olhos com soro fisiológico e colírio anestésico.

Não é recomendado fazer lavagem gástrica e nem administrar carvão ativado, devido ao risco de náuseas e bronco aspiração. Também não deve ser realizada a indução do vômito (CIATOX, 2022).

Redução de Danos

As mortes relacionadas ao uso de lança-perfume têm como principal causa a parada cardiorrespiratória (PCR), mas também podem ocorrer quedas, atropelamentos, ingestão acidental, sufocamentos e falência dos órgãos. Muitas vezes estão associadas ao consumo intenso e à falta de conhecimento sobre estratégias de redução de danos pela população que faz seu uso (É de Lei, 2020). Portanto, é de extrema importância a divulgação de estratégias de redução de danos para que informações relevantes possam chegar até os usuários. 

Algumas estratégias de redução de danos são apresentadas a seguir:

– Evite usar sozinho! Procure estar com pessoas de sua confiança que possam te ajudar caso precise

– Vá com calma! Evite usar várias vezes seguidas. Faça pausas entre uma baforada e outra para dar ao seu corpo oxigênio suficiente para se recuperar

– Não inale por um período maior que 5 segundos!

– Não segure a baforada por muito tempo, pois aumenta os danos ao pulmão

– Ao sentir o “tuim”, faça uma pausa, pois provavelmente você está próximo de desmaiar. Se estiver passando mal, avise alguém, saia da muvuca e evite ficar de pé.

– O prejuízo na coordenação motora e pode provocar quedas. Evite fazer uso em pé, principalmente se estiver próximo a locais perigosos como ruas movimentadas, escadas ou janelas

– Mesmo em quantidades pequenas, evite dirigir

– Evite esforço físico durante ou logo após os efeitos, pois aumenta o risco de parada cardíaca

– Se uma pessoa desmaiar e perder a consciência, proteja a sua cabeça, dê espaço para ela respirar e não induza a ela consumir outras substâncias para acordar. Acione socorro médico imediatamente!

– Evite misturar com álcool, pois aumenta o efeito depressor podendo levar a uma parada cardiorrespiratória

– Evite misturar com cocaína, pois essas substâncias juntas sobrecarregam o coração e aumentam as chances de parada cardíaca

– Não encoste o frasco no nariz, boca ou pele a fim de evitar queimaduras. Se acontecer, lave a área atingida com água e sabão de forma abundante

– Evite usar garrafas de plástico ou latinhas de alumínio, pois os solventes reagem com esses materiais podendo liberar ainda mais substâncias tóxicas. Dê preferência a garrafas de vidro

– Laça pega fogo facilmente! Não use próximo de fogo, cigarros ou qualquer fonte de calor 

– Faça alguma marcação no recipiente que estiver usando o lança (por exemplo, retirar o rótulo da garrafa ou o anel da lata) para evitar confundir com bebida e tomar acidentalmente. Se acontecer de ingerir, procure atendimento médico imediatamente!

Projeto de Extensão ‘Que Lança É Esse?’

O ‘Que Lança é Esse?’ (@quelanca.rd) é um projeto de extensão da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que visa promover o debate, construir e ampliar o acesso a conhecimentos sobre o uso de substâncias conhecidas como lança-perfume, ou loló, a partir da abordagem da Redução de Danos.

“O ‘Que Lança é Esse?’ é um projeto de extensão da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que visa promover o debate, construir e ampliar o acesso a conhecimentos sobre o uso de substâncias conhecidas como lança-perfume, ou loló, a partir da abordagem da Redução de Danos.”

Reafirmando o papel social da Universidade, comprometida com a superação dos problemas enfrentados pela comunidade, esse projeto tem como objetivo dar visibilidade ao tema do lança-perfume, mobilizar e articular diferentes setores da sociedade em prol da construção de estratégias de cuidado e da promoção de políticas públicas.

Visamos não só a democratização do conhecimento acadêmico, mas, a partir do diálogo entre Universidade-Sociedade, orientar uma produção científica enraizada na realidade e que produza conhecimento em favor dos cidadãos.

Esse projeto é realizado no âmbito do Laboratório de Toxicologia Analítica com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UNICAMP. Contamos com a parceria do Centro de Convivência É de Lei e do Coletivo Repense, que é um coletivo de redução de danos da UNICAMP e que possui vários membros atuantes no projeto.


1– disponível no youtube (https://www.youtube.com/watch?v=lve7eWySoJg)


REFERÊNCIAS

Carlini, E.L.A.; Noto, A.R.; Sanchez V.D.M.; Carlini, C.M.A.; Locatelli, D.P.; Abeid L.R. et al. (2010) VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras. São Paulo: CEBRID; UNIFESP; Disponível em: https://www.cebrid.com.br/vi-levantamento-estudantes-2010/

Carvalho, K.A.; Sant’Anna, M.J.; Coates, V; & Omar, H.A. (2008) Medical students: abuse of psychoactive substances and sexuality aspects. Int J Adolesc Med Health. Jul-Sep; 20(3):321-8.

Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campinas – CIATOX (2022). Aulas Professora Camila. Disponível em: https://instagram.com/quelanca.rd?igshid=YmMyMTA2M2Y= .

CICAD (2019). Report on Drug Use in the Americas 2019. Inter-American Drug Abuse Control Commission (CICAD), Organization of American States (OAS), Washington, D.C., pp. 117–138. Disponível em: http://cicad.oas.org/oid/reports/2019/eng/index.html 

Cruz S.L.; & Bowen SE. (2021). The last two decades on preclinical and clinical research on inhalant effects. Neurotoxicol Teratol. Sep-Oct;87:106999.

Cunha, R.L.; & Oliveira, C.S.L. (2016). Perfil Químico Dos Compostos Orgânicos Voláteis (Cov) Encontrados Em Inalantes Apreendidos No Carnaval Da Bahia. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, [S. l.], 5(3):328–334

É de Lei (2020). Lança perfume – inalantes. Disponível em: https://edelei.org/wp-content/uploads/2020/08/lanca-respire.pdf .

FIOCRUZ (2017). III Levantamento Nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ICICT: 111. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34614 .

Heise, C.; & LoVecchio, F. (2020). Hydrocarbons and volatile substances. Tintinalli J.E., & Ma O, & Yealy D.M., & Meckler G.D., & Stapczynski J, & Cline D.M., & Thomas S.H.(Eds.), Tintinalli’s Emergency Medicine: A Comprehensive Study Guide, 9e. McGraw Hill. Disponível em: https://accessmedicine.mhmedical.com/content.aspx?bookid=2353&sectionid=220745702. 

Neto, A.G.C.; & Santos, B.S. (2015). Perfil químico dos inalantes apreendidos no estado de Pernambuco. Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics, [S. l.], 4(2):184–198.

RAPS (2015) Estado de Santa Catarina. Abuso e dependência de solventes voláteis (inalantes): protocolo clínico. Disponível em: https://www.saude.sc.gov.br/index.php/documentos/atencao-basica/saude-mental/protocolos-da-raps/9211-dependencia-de-solventes-volateis-inalantes/file.

Rhodia Solvay Group. Rhodia no Brasil. Disponível em: https://www.rhodia.com.br/rhodia-no-brasil/100-anos/anos-20

Rivera-García, M.T.; López-Rubalcava, C.; & Cruz, S.L. (2015). Preclinical characterization of toluene as a non-classical hallucinogen drug in rats: participation of 5-HT, dopamine and glutamate systems. Psychopharmacology (Berl). 232(20):3797-808.

Zumiani, G.L.; Santos, J.M.; & Pereira, M.M. (2019) “Lança perfume”: o uso de solventes e drogas inalantes como substâncias de abuso no Brasil. Saúde, Ética & Justiça. 24(1):3-9.


Ana Cristhina Maluf é farmacêutica, mestre em Neurologia-Neurociências pela UNIFESP, doutoranda do Programa de Farmacologia da UNICAMP, redutora de danos e integrante do Núcleo de Ensino e Pesquisa do Centro de Convivência É de Lei.

Kauê de Oliveira Chinaglia é farmacêutico pela UNICAMP, aluno de doutorado direto em Farmacologia com ênfase em Toxicologia pela UNICAMP

Luiza Pires Ferreira Novaes da Silva é graduanda em farmácia pela UNICAMP redutora de danos do coletivo REPENSE

Sabrina Legaspe Barbosa é graduanda em medicina pela UNICAMP, redutora de danos e coordenadora do Coletivo REPENSE

Thales Honorio Oliva é Psicólogo pela PUC-Campinas, redutor de danos do coletivo REPENSE

Yasmin Fleming é graduanda em medicina pela UNICAMP, redutora de danos e ex-coordenadora do Coletivo REPENSE

1 Comentário

  1. Excelente material, com informações objetivas, esclarecedoras para o conhecimento, intervenção no cuidado e Redução de Danos. Precisa ser ampliada a divulgação. Parabéns!

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